CAMPOS, S. L. B. A União entre Filosofia e Teologia em Tomás de Aquino. Guia prático de Teologia, São Paulo, p. 5 - 15, 28 jun. 2012. Com este artigo, cuja versão ampliada encontra-se neste Site, quebramos o silêncio sobre o que pensamos acerca da obra de Tomás de Aquino. Conforme o tempo vai passando, e nosso intelecto vai-se adequando às coisas que conhecemos, em virtude da união substancial de alma e corpo, o que assimilamos pelo pensamento, de algum modo, começa a repercutir em nosso corpo e, vice-versa, também a nossa vida ativa vai influenciando a nossa vida contemplativa. Não há que negar, embora a intelecção independa do corpo em seu ato, como a matéria da intelecção procede da experiência sensível, as disposições corpóreas influenciam o nosso pensamento e, inversamente, o nosso pensamento, de certa forma, tende a “encarna-se” em nós, a reproduzir-se na nossa forma de agir. Se observarem bem este texto, perceberão que o que tentamos mostrar, no final das coisas, é exatamente esta – se assim podemos nos expressar – simbiose, a saber, como a vocação de Tomás influenciou o seu pensamento. Na verdade, todo processo do conhecimento é um processo “psíquico-somático”, porque se os humores do corpo, a seu modo, influenciam no que conhecemos, o nosso psíquico, por seu lado, vai-se “materializando” em nossa vida, em nosso corpo e em nossos ditos e feitos. Assim, vida ativa e contemplativa – e o contrário também é verdadeiro, a saber, hábitos, costumes e pensamento – encontram-se em estreita sinergia. Nós não temos duas vidas, de sorte que o que pensamos se reflete no que fazemos, e o que fazemos – se houver o mínimo de honestidade intelectual em nós – vai-se conformando com o que pensamos. Neste sentido, entendemos que o chamado à vida religiosa e à santidade impregnou de tal forma o Boi Mudo da Sicília, que se estendeu e se concretizou também em sua obra. Tornamo-nos, pois, aquilo que conhecemos, máxime se amamos aquilo que conhecemos. |